Jan 30, 2013

Num Domingo de manhã.


Eu já me apercebi do quão óbvio é a fé e crenças que os quenianos carregam por JC e Deus. Sou capaz de ver um cartaz, uma frase, uma imagem, um símbolo, algo que lembra a Igreja Católica em todo os sítios que vá. No outro dia, fomos para a casa da Professora Priscillah para um chá depois de um dia inteirinho de escola e, claro, as paredes da casa estavam cheias de fotos e quadros alusivos a Deus e fé.

Deixem-me dizer que eu realmente não sigo os princípios cristãos mais convencionais ... eu não vou à missa aos Domingos, e (eu sinto muito em dizer isto, e não quero ofender ninguém), por vezes duvido da sua existência. Ou melhor, eu acredito em algum tipo de energia que nos mantém Aqui. E, segundo a primeira e segunda Lei da Termodinâmica "nada é destruído, tudo se mantém" e "o princípio da entropia", passei a acreditar que não é um ELE que nos governa, mas nós mesmos temos esse poder dentro de nós. Eu não tenho 'alguém' lá em cima 'ditando os mandamentos para que me possa tornar uma melhor pessoa. Não. Para mim, eu sou uma melhor pessoa porque assim escolhi ser.

Mas bem, vamos manter-nos no tópico.

Domingo de manhã, é a hora de ir à igreja. Senti o nervosismo à flor da pele assim que vi o edifício - uma estrutura de metal, com cadeiras, bancos e uma mesa na frente para os porta-vozes. Não sei bem o Porquê ou o Como, mas o o meu batimento cardíaco acelerou bastante. (Eu tenho que admitir que algo/ alguém estava a avisar-me sobre aquilo que estava prestes a acontecer dentro daquela humilde capela ao lado da escola Boi e Soni,  mesmo em frente à rua da casa de Ester .) Então, todos nós entramos na igreja. Estavam provavelmente 20 pessoas lá dentro nesse momento .

E estavam todos a cantar.

Tive calafrios quando me apercebi o que estava a acontecer, e quando me sentei na minha cadeira, eu (quase) senti as lágrimas nos olhos. No entanto, consegui conte-las, porque sabes: eu tenho uma reputação a manter!
Mas a ansiedade ainda não tinha ido embora! Eu ainda estava totalmente alerta de que algo estava para acontecer. Eu senti realmente algo.

Foi então que eu conheci a Victoria. Uma menina bonita (que neste momento pensava que era um rapaz - só porque ela usava calças e não um vestido bonito e extravagante como o de todas as outras meninas) que estava entretida com uns óculos de sol de uma amiga, e, aleatoriamente, sentou-se ao lado da minha cadeira. Ela sorriu para mim enquanto ouvíamos um discurso (não sei sobre o que é que era, porque Ah, sim, esta era uma missa em Swahili), com os óculos de sol no meio da testa. Por algum tempo nós apenas trocámos olhares e sorrisos, até que ela finalmente perguntou muito baixinho 'Qual é o teu nome?'. Ainda com meu coração a bater como um comboio e com um sorriso imortal nos lábios, respondi-lhe, e perguntei o dela. Lembra-te que, por este altura, para mim ela era um rapaz. Então ela disse-me o nome dela, mas eu não cheguei a entender por causa do discurso extremamente emotivo que uma mulher estava a dar. Então, depois de um tempo, eu não consegui resistir e, novamente com apenas um sorriso, dei-lhe os meus óculos de sol. Ela ficou felicíssima, e por alguns minutos, não saiu de junto de mim. Só quando Boi veio para dentro (vinda das brincadeiras ao ar livre com outras crianças) e a chamou para ir brincar, ela deixou-me sozinha. Eu estava meio preocupada que nunca mais iria colocar os olhos em cima dos meus óculos de sol outra vez ... Mas depois de algum um tempo, ela voltou, "feliz que nem um rei" (uma expressão comum por aqui), com os meus óculos de sol na mão.

Ainda com o estranho pressentimento dentro de mim, recebi os óculos de volta enquanto uma mulher norueguesa deu seu discurso sobre o Senhor, política e fé. Quando Martha (o nome da mulher) se sentou, mais uma vez o padre assumiu o controle sobre o microfone e disse:
"Reparei que temos entre nós mais duas senhoras brancas. Por favor, podem vir aqui à frente e apresentam-se para as pessoas aqui presentes, de onde vêm, etc.? "

Enquanto ele explicava em Swahili para o resto das pessoas que tínhamos de ir até lá à frente e falar, eu olhava para a Chelsea e Esther para realmente perceber se tinha mesmo mesmo mesmo de ir. Eu estava em pânico, e, aparentemente, a Chelsea não entendeu nada a partir 'Reparei que temos... "; então tive de confiar no olhar de Ester. E com um gesto de Esther, levantei-me e puxei a Chelsea comigo. Caminhámos para a frente da capela e sem microfone lá estávamos nós: a enfrentar 50 pessoas cheias de fé e amor, esperando ansiosamente para saber quem éramos.

Victoria, a Sorridente e a sua bicla fixolas!

Depois de um minuto, ou dois, ambas estávamos de volta ao nosso lugar, com as mãos a tremer loucamente com adrenalina de estar de pé em frente a uma pequena multidão. Depois disso, a sensação que tive desapareceu, e Victoria lá estava, com o mesmo sorriso a mirar-me com admiração e curiosidade.

Estas duas horas na igreja foram intensas e cheias de formas e sentimentos que eu nunca vou esquecer.

Fé.

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